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domingo, 9 de outubro de 2016

Adam

Procurando o que assistir no Netflix, encontro "Adam", me interessei pelo filme pela descrição "preso em seu próprio mundo...", mas não imaginei que se tratava de um homem com a Síndrome de Asperger. que tinha dificuldades na interação social, de mudar sua rotina, de falar o que convencionalmente se deve falar e na hora oportuna, de entender o que o outro precisa ouvir, de compreender sentimentos e nomeá-los. Enfim, como diz na própria descrição do filme, vivia no seu próprio mundo.
A principal dúvida de quem convivia com ele,era saber o que realmente ele sentia, se nem olhar nos olhos do outro ele conseguia. De fato, mesmo que nenhuma palavra seja dita, pelo olho no olho, conseguimos ter noção dos sentimentos do outro. Mas, o que achei mais interessante no filme foi perceber que cada pessoa vive presa em seu próprio mundo e esse mundo é criado desde antes do nascimento, quando os pais planejavam a sua chegada até os dias atuais, e são as suas vivências que vão formando o mundo de cada um.
Entrar no mundo outro não é tarefa fácil, tampouco conviver com as manias de cada um. Precisamos seguir regras e criar exceções constantemente para driblar essa convivência, que na maioria das vezes alguém sempre sai insatisfeito. O ser humano é muito complexo e necessita de muito para se satisfazer e quando alguém preenche todos as nossas exigências, criamos outras, meio que inconscientemente para que já não exista mais a tal harmonia. Vivemos nessa busca incessante de agradar e sermos agradados todo o tempo e para isso fingimos, mentimos, omitimos, enganamos e nos aprisionamos na ideia de fazermos tudo pela lei da boa convivência.  E se todas as pessoas tivessem a Síndrome de Asperger?
Como seria viver num mundo em que todas as pessoas, só falassem realmente o que sentiam, o que queriam falar, o que queriam calar, que assumissem o seu pânico de mudar a sua rotina, de não querer enfrentar diversas pessoas falando de assuntos que não interessem e de não ter que seguir os padrões da boa convivência.

Para mim seria uma liberdade total, iríamos finalmente entender, outras formas de comunicação, quebraríamos as barreiras e entenderíamos que existem outras formas de  sentir e demonstrar afeto pelo outro, além da palavra e do olhar. Descobriríamos o amor no toque, na presença mesmo que silenciosa, no cuidado e no respeito ao outro. Que mundo seria esse? Afinal, somos nós que vivemos presos no nosso mundo ou eles que vivem livres no mundo deles? 









Um comentário:

Nuno Dias disse...

Bela análise!
Nunca me tinha "debruçado" sobre esse tema, mas "olhando pra ele de frente" constato que realmente, cada um de nós vive no seu mundinho.
Claro que os vários "mundinhos" criados, são únicos e individuais, com pequenas semelhanças entre si. Mas o que é certo, é que cada indivíduo vive-o de uma forma diferente e singular.
O que acontece na realidade, é que existe o chamado "socialmente correto" ou o "socialmente aceite" pela sociedade em geral. E nesse conceito, acabam por ficar de fora todos aqueles, que tem "mundinhos especiais", um pouco como os nossos, só que fora dos "padrões" aceitáveis, e colocando-os por isso totalmente á margem de tudo, ou quase tudo.
Mas quem vive realmente livre, nós ou eles?
Nós que estamos amarrados ao "socialmente correto", por forma a podermos viver tranquilamente numa "sociedade (im)perfeita", ou eles que vivem o dia a dia, cada momento, cada sentimento, cada gesto, cada toque... com a intensidade verdadeira e única da ingenuidade e pureza própria "duma criança".
Dá que pensar...
De qualquer forma, este tema deverá abrir-nos a mente para olhar-mos o próximo com "outros olhos" e respeito humano por todos.