Procurando
o que assistir no Netflix, encontro "Adam", me interessei pelo filme
pela descrição "preso em seu próprio mundo...", mas não imaginei que
se tratava de um homem com a Síndrome de Asperger. que tinha dificuldades na
interação social, de mudar sua rotina, de falar o que convencionalmente se deve
falar e na hora oportuna, de entender o que o outro precisa ouvir, de compreender
sentimentos e nomeá-los. Enfim, como diz na própria descrição do filme, vivia
no seu próprio mundo.
A
principal dúvida de quem convivia com ele,era saber o que realmente ele sentia,
se nem olhar nos olhos do outro ele conseguia. De fato, mesmo que nenhuma
palavra seja dita, pelo olho no olho, conseguimos ter noção dos sentimentos do
outro. Mas, o que achei mais interessante no filme foi perceber que cada pessoa
vive presa em seu próprio mundo e esse mundo é criado desde antes do nascimento,
quando os pais planejavam a sua chegada até os dias atuais, e são as suas vivências
que vão formando o mundo de cada um.
Entrar no
mundo outro não é tarefa fácil, tampouco conviver com as manias de cada um. Precisamos
seguir regras e criar exceções constantemente para driblar essa convivência,
que na maioria das vezes alguém sempre sai insatisfeito. O ser humano é muito
complexo e necessita de muito para se satisfazer e quando alguém preenche todos
as nossas exigências, criamos outras, meio que inconscientemente para que já não
exista mais a tal harmonia. Vivemos nessa busca incessante de agradar e sermos
agradados todo o tempo e para isso fingimos, mentimos, omitimos, enganamos e nos
aprisionamos na ideia de fazermos tudo pela lei da boa convivência. E se todas as pessoas tivessem a Síndrome de
Asperger?
Como
seria viver num mundo em que todas as pessoas, só falassem realmente o que sentiam,
o que queriam falar, o que queriam calar, que assumissem o seu pânico de mudar
a sua rotina, de não querer enfrentar diversas pessoas falando de assuntos que
não interessem e de não ter que seguir os padrões da boa convivência.
Para mim
seria uma liberdade total, iríamos finalmente entender, outras formas de
comunicação, quebraríamos as barreiras e entenderíamos que existem outras
formas de sentir e demonstrar afeto pelo
outro, além da palavra e do olhar. Descobriríamos o amor no toque, na presença
mesmo que silenciosa, no cuidado e no respeito ao outro. Que mundo seria esse?
Afinal, somos nós que vivemos presos no nosso mundo ou eles que vivem livres no
mundo deles?





